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Mercado reduz projeção de crescimento industrial

No início de junho, a expectativa era que o PIB registrasse expansão real de 4% em 2011.

As expectativas quanto ao desempenho da indústria brasileira em 2011, que vinham se deteriorando em função do cenário externo ruim, pioraram na semana passada e romperam a barreira dos 3%. Pesquisa do BC, divulgada ontem, indica que o mercado espera crescimento industrial de apenas 2,96% este ano, variação 0,54 ponto percentual inferior à registrada no início de junho (3,5%).

A queda foi a oitava consecutiva na pesquisa do boletim semanal Focus. A piora das projeções para a indústria, cuja mediana era de 3% na semana anterior, puxou para baixo também a previsão de crescimento da economia como um todo. O aumento projetado para o PIB em 2011, até então de 3,93%, caiu pela terceira semana consecutiva, passando para 3,84%.

No início de junho, a expectativa era que o PIB registrasse expansão real de 4% em 2011. Para 2012, o mercado segue estimando alta de 4%. Para a produção industrial do ano que vem, a mediana das projeções de crescimento melhorou, saindo de 4,30% para 4,34%.

O economista Flávio Castelo Branco, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), explica que a piora de cenário para o setor nas últimas pesquisas deve-se à desaceleração da economia mundial, que afeta a demanda por exportações brasileiras. A grande penetração de importados, sobretudo de manufaturados, no mercado interno também contribuiu para o cenário pessimista. Além disso, destaca Castelo Branco, "a taxa de câmbio está num nível extrema e persistentemente baixo".

Um sintoma da gravidade da situação, segundo ele, é o saldo comercial da indústria de transformação. Pelas últimas estimativas da CNI, esse segmento, que contribuiu com superávit de US$ 30,4 bilhões para a balança comercial em 2006, registrará este ano déficit estimado em US$ 50 bilhões.

A pesquisa do BC apontou ainda ligeiro aumento da mediana das projeções para a variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2011. A inflação esperada para o índice que baliza as decisões de política monetária saiu de 6,26% para 6,28% após cair por duas semanas.

A mediana das expectativas para o IPCA de agosto especificamente sugere que a elevação da taxa para o ano decorreu da divulgação, na sexta-feira, do IPCA-15, que apontou alta de 0,27%, acima do esperado pelo mercado.