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Demissões devem frear consumo em 2009

Ubirajara Loureiro Os dados do PIB do terceiro trimestre do ano chegaram a surpreender a economista Cláudia Oshiro, da Tendências Consultoria, que projetara a taxa para a faixa de 5,8%. A surpresa agradável, com um resultado de um ponto percentual acima do esperado, é explicada por um quadro completamente diferente do atual, com aumento do consumo das famílias e de renda. Mas os novos tempos, marcados pela falência do banco Lehman Brothers, inocularam na economista uma visão menos otimista. Sua estimativa para 2009 não chega nem perto da previsão do Ministério da Fazenda, de um crescimento da ordem de 4% do PIB: para a economista, a expansão do PIB ficará na faixa de 2,6%. – Os dados preliminares de outubro já indicaram queda da atividade industrial e, sobretudo um aumento da desconfiança entre empresários e consumidores – diz Claudia Oshiro. – Mas a grande incerteza é com relação à demanda, a partir de dispensas de mão-de-obra que se disseminam em vários setores do mercado de trabalho. A economista entende que a desconfiança, talvez excessiva, induz uma freada preventiva na produção e no consumo, o que, posteriormente, pode ter mais conseqüências negativas sobre o nível de emprego, iniciando um círculo vicioso de más notícias para a economia. Já o economista Rogério Cesar de Souza, do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), faz um projeção mais otimista, de um crescimento de 3%, para primeiro trimestre de 2009. – O fato é que, até o terceiro trimestre, a economia vinha em ritmo muito bom, mas, dado este novo contexto, certamente haverá um reverso, já perceptível em outubro, talvez até por um excesso de cautela. Mas as festas de fim de ano vão contrabalançar um pouco isto – afirma Souza. O economista explica ainda que, mesmo com retração em curso, existe ainda uma inércia de crescimento, gerada pelos resultados positivos do terceiro trimestre. – A participação dos investimentos no PIB do país chegou ao nível inédito de 20,5%, melhor resultado registrado desde 1995, quando o cálculo passou a ser efetuado pelo IBGE. E, isoladamente, teve aumento de 18,5%, também jamais registrado, que até mesmo o BNDES só esperava para 2010 – esclarece o economista. Para Souza, a recuperação só virá com medidas que minimizem o provável recuo dos investimentos devido à crise de confiança.